Desfile das Escolas de Samba de Belém é marcado por número grande de mulheres puxadoras

 Desfile de 2023 foi marcado pela presença de mulheres nos vocais

Arquivo Pessoal
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No desfile das escolas de samba de Belém, o 1º grupo, com 10 escolas, fez a alegria dos foliões em dois dias de folia na cidade. Acadêmicos da Pedreira, Embaixada de Samba do Império Pedreirense, Rancho Não Posso Me Amofiná, Piratas da Batucada, Deixa Falar, Os Colibris, Xodó da Nega, Bole-Bole, Matinha e Império do Samba Quem São Eles, desfilaram na Aldeia Cabana de Cultura Amazônica David Miguel.

"Este ano, tivemos um número grande de mulheres como puxadoras nas escolas de samba de Belém. Podemos citar: Creuza Gomes, Mariza Black, Brenda Moraes, Cris Matos, Larissa Leite, Rafaela Travassos e Andressa Costa. Esta última, com apenas 14 anos, fez a sua estreia nessa função, e encantou os expectadores", explica Andressa.

“Foi uma experiência incrível, e uma responsabilidade enorme! Estou muito feliz e satisfeita de conseguir cumprir com essa missão tão importante”, disse a jovem, que esteve à frente da Matinha. “Sinceramente, os ensaios não conseguem mostrar a emoção da avenida, na Aldeia é uma sensação totalmente diferente”, acrescenta.

Brenda Moraes e Rafaela Travassos fizeram as suas estreias na avenida. A primeira pelo Rancho Não Posso Me Amofiná e a segunda pela Embaixada de Samba do Império Pedreirense.

“O convite surgiu através do Presidente da Escola Jackson Santarém. Depois de um show que fiz na Sede do Rancho, ele recordou da minha mãe (Cleide Moraes) e da voz dela. A minha história com a escola vem desde a infância, quando minha mãe, junto com a sua banda, promoviam bailes lá. Ela era Benemérita do Rancho”, relembra Brenda.

Quem escutava a voz da cantora durante o desfile, sentia a emoção.

“Foi uma grande responsabilidade ser a única mulher no carro som cheio de feras. No começo, senti um nervoso tremendo, mas depois fui aprendendo com eles como me posicionar, respirar, entrar no samba, marcação da bateria e etc”, conta Brenda.

Rafaela Travassos também soltou o vozeirão na Aldeia. “Superou todas as minhas expectativas. Fiquei muito ansiosa na semana do desfile, porque além de ser a minha primeira vez, eu senti o clima no ensaio técnico, foi onde o coração bateu forte. Mas é uma experiência surreal estar na avenida, fiquei impactada com a bateria e vem aquele nervosismo misturado com ansiedade. Fiz uma boa escolha de escola para estar, já que o Império Pedreirense veio com um tema muito importante, que foi o transtorno do espectro autista (TEA), aí a emoção foi grande”, destaca a cantora.

Sambista raiz, Rafaela sabe da importância de ter mulheres ocupando os diversos espaços. “Já deixo minha dica para as escolas da nossa região: uma voz feminina em um carro som faz toda a diferença, vale a pena fazer esse investimento”, diz.

Mariza Black, há 19 anos puxando escolas de samba no Carnaval, abriu diversas portas. “Temos referências femininas dentro do Carnaval, como Creuza Gomes. Ainda é espaço muito machista, tanto que não temos muitas mulheres como interprete oficial. Mas me sinto empoderada sim, mesmo que machismo ainda exista”, pontua a cantora.

Ela é interprete da Piratas da Batucada há 8 anos. “É uma emoção grande poder ser uma representante feminina na avenida, poder inspirar outras mulheres”, conta.

Há 19 anos, ela começava a puxar a Caprichosos da Cidade Nova.


Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Dias


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