O novo ciclo do tempo e das artes

 




As artes se despedem de 2020 sabendo ter sido, certamente, o ano mais atípico para as suas mais diversas expressões. Por conta da pandemia de coronavírus, a música e o teatro, por exemplo, perderam os seus palcos com plateia; o cinema foi para telas menores em diferentes lugares; e os museus, adaptados para que pudessem ser visitados por meio de aparelhos eletrônicos.

A internet foi a principal ferramenta e plataforma das artes ao longo de 2020, mas com um cenário de imunização como perspectiva para 2021, artistas esperam que isso possa mudar logo. A cineasta Zienhe Castro, o artista visual PV Dias, e o cantor e compositor Felipe Cordeiro, têm um desejo em comum para o cenário das artes do Pará em 2021: que seja melhor que em 2020.

Diretora, produtora e roteirista na ZFilmes, Zienhe atua como produtora cultural há mais de 25 anos. Ela é responsável por projetos como o festival de cinema Amazônia Doc, que teve sua 6ª edição em formato totalmente on-line em 2020.

A artista compartilha a ideia de que as primeiras duas décadas do século XXI prepararam o mundo para o que vem a seguir. “Acredito de forma muito positiva no que está por vir. Minha intuição e desejo é de que haja uma nova perspectiva de mundo, de sociedade; e para o audiovisual, que a gente consiga avançar em questões de políticas públicas, que não avançamos nos últimos dois anos”, diz.

Ainda sobre o audiovisual, Zienhe diz que no Pará há uma expectativa boa para o ano seguinte, considerando os editais de emergência da Lei Aldir Blanc, que vai financiar 68 projetos audiovisuais no Estado. Entre os projetos pessoais, a cineasta conta ainda ter três filmes para serem lançados em 2021, um curta e dois longas-metragem.

“Importante ressaltar que as perspectivas são muito boas também, em função de acreditar que em 2021 a gente deve ter a liberação das vacinas contra a covid-19 para o nosso país”, destaca Zienhe.

O artista visual PV Dias, mestrando em Ciências Sociais pela UFRRJ, já participou de uma série de exposições coletivas por diversos museus do país. Ele destaca que, apesar do cenário político, social e econômico do país, acredita em melhora no futuro, com mais oportunidades e possibilidades para que artistas possam viver do próprio trabalho.

Sobre as perspectivas pessoais, conta: “Apesar desse ano, eu espero que tenha outras possibilidades de disposição, tanto quanto de exposição, assim como as coisas deem uma acalmada, para que as nossas mentes consigam sobreviver e produzir”.

“Tenho trabalhado em projetos para o ano que vem, e espero que funcionem, como participar mais de residências artísticas, terminar algumas pinturas, enfim, me aprofundar em alguns estudos. Mas tudo depende desse cenário, de como vai estar”, completa PV.

Felipe Cordeiro concorda que 2020 não foi um ano fácil de atravessar, e espera que 2021 seja mais fluido. O cantor e compositor passou por um susto devido o coronavírus, com a internação do pai Manoel Cordeiro, que foi infectado pela doença e desenvolveu um quadro grave. Atualmente Manoel está recuperado da doença, em casa.

“Espero que 2021 seja um pouco mais calmo, sem grandes surpresas traumáticas como foi em 2020. Acho que para quem trabalha com música, com arte, 2020 foi um ano muito complicado mesmo, não dá para ser irrealista. Foi um ano que abalou todo o mercado da música, do entretenimento em geral”, diz Felipe.

O artista acredita que o primeiro semestre do ano ainda deve trazer cicatrizes da pandemia nas artes, mas que as perspectivas são melhores, sem dúvidas. Sobre a carreira, ele diz ter muitas músicas para serem lançadas, assim como um novo show, que espera poder fazer da forma tradicional, em vez da que marcou o ano de 2020.

“Que 2021 a gente consiga se estabilizar um pouco mais, ter clareza de como a música vai funcionar, e como a relação com o público, seja ainda, de novo, um pouco mais orgânica. Esse ano foi toda pela internet. Que em 2021 a gente possa ver o público, vacinado, e ter um ano de lançamentos, de perspectivas e de shows”, finaliza Felipe.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário