Léo Chermont põe foco nas ilhas amazônicas em 'Kumbu', primeiro disco solo

 



Elas sempre estiveram ao redor da cidade. A capital paraense, além de uma área continental, é formada por 42 ilhas, com um território insular de 330 km². Foi pensando nesses territórios e, principalmente, na população que ocupa esses lugares, que Léo Chermont se debruçou, planejou e executou a produção de um disco experimental que conseguisse dar holofote a essas pessoas e seu problemas.

“Kumbu” chega nesta quinta-feira, 10, a todas as plataformas digitais na internet com sete faixas que antecipam o lançamento de um documentário sobre o impacto do turismo nas ilhas e na vida dos ribeirinhos.

“Além de estar poluindo com a queima de combustível, também está tirando uma forma de lazer das nossas crianças”, conta uma ribeirinha no videoclipe “O Rio”, single deste primeiro trabalho de Léo que foi lançado no dia 20 de novembro.

Mesclando entrevistas, paisagens sonoras nas ilhas e furos de Belém, vozes e instrumentos musicais, o disco traduziu dois lados dessa vivência nas ilhas: a experiência amazônica e tropical e as angústias com as transformações que a floresta e os rios têm sofrido, com o aumento da presença de turistas nesses espaços.

A vida e o futuro das famílias que moram ao redor de Belém começou a ocupar a mente do produtor e instrumentista Léo Chermont quando, no período mais crítico da pandemia, ele fez parte de uma campanha de arrecadação e doação de cestas básicas para ribeirinhos.

Nessas entregas, conheceu as famílias, ouviu suas histórias e percebeu que o avanço da cidade já estava afetando a vida de quem sempre morou ali. Com um gravador na mão e a companhia do fotógrafo e videomaker Lucas Escócio e da musicista Renata Beckman no som direto, começou a registrar entrevistas que fariam parte não só do disco que estava construindo, mas também de um documentário sobre o tema.

Ouça Kumbu completo

Nas entrevistas, eles ouviram “reclamações de que os igarapés estão ficando mais abertos, porque pela quantidade grande de lancha, os furos que tinham três, quatro metros, hoje têm sete, oito. O lixo está super grande. Os caras não tem mais as madeiras que eles tinham dentro do mato para construir as coisas deles...”, revela Léo Chermont.

Inspirado nessas histórias, nesse problemas e na relação entre vida humana e florestas, Léo compôs e produziu um disco que abusa do experimentalismo. “O disco utiliza vários elementos, como sons da natureza, fala de pessoas, barulhos de barco, motosserra, de uma maneira bastante musical. É como se fossem as letras dessas músicas. Então, em vez de trabalhar isso como sons incidentais, colocamos estes elementos como protagonistas nas músicas, como a voz de um cantor. É um resultado muito interessante quando a gente considera que, apesar de a guitarra ser o instrumento nativo do Léo, pelo qual ele ficou muito conhecido na música, este não é um disco de um guitarrista. É a música de um produtor que lança mão de várias formas de som para se expressar”, analisa o técnico de mixagem e masterização responsável pela finalização estética do disco, Diego Fadul.

O disco “Kumbu” de Léo Chermont pode ser ouvido gratuitamente em todas as plataformas digitais de música na internet.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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