Livro infantil de autora paraense ganha versão em cordel


A história de uma menina ribeirinha que embarca em diversas aventuras pelos livros virou literatura de cordel. O livro infantil “A Menina Que Veio do Rio”, da autora paraense Patrícia Nogueira, ganhou uma tradução para os livretos impressos em papel colorido do pernambucano Edmilson Santini.
“No início deste ano encontrei com ele, que me pediu autorização para publicar o poema. Eu permiti, mas foi uma surpresa saber que lançaria na Flip, e no ano que o cordel torna-se patrimônio”, conta Patrícia, emocionada.
A autora participava de uma atividade na Festa Literária de Paraty - Flip, quando Edmilson apareceu e mostrou a ela o livreto com o poema. “Eu fiquei muito feliz, pois se criar um texto literário já é uma emoção, imagina virar inspiração para uma outra obra literária”.
Edmilson e Patrícia se conheceram quando trabalharam juntos na Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro, gerenciando o setor de livros. Sobre a homenagem, a paraense diz se sentir como em um poema escrito por João Cabral de Melo Neto.
“‘Tecendo a manhã’ traduz essa emoção: ‘Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos (...) A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão’. Hoje eu me sinto Luz Balão! É uma sensação linda saber que a literatura passou por mim e tocou o outro, e o outro fluiu e assim tecemos a manhã para outros…”, descreve.
Sobre Patrícia, Edmilson diz lembrar que ela sempre foi uma grande incentivadora da leitura. “Eu até então não conhecia a Patrícia autora, e de repente ela apareceu com um livro: ‘A Menina Que Veio do Rio’. Eu o li em uma só sentada e foi então que veio a ideia de fazer uma homenagem pela própria obra”, conta.
No cordel, Edmilson transforma o conto de Patrícia em um texto ritmado e versado, estilo característico da literatura de cordel.  “É uma história muito interessante de uma menina que estava no rio, então veio um barco com livros. Remete às correntes das águas que trazem a leitura; por isso ‘A Menina Que Veio do Rio’, porque ela vai embora com os livros”.
Edmilson destaca que pelo fato de Patrícia ser paraense, a história se mistura com a da própria autora. “É um conto bom de contar, e imediatamente eu achei que dava para fazer um cordel”.
Em 2018, a literatura de cordel foi reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan. Além de gênero literário, o ofício também é o meio de sobrevivência de diversos cidadãos brasileiros. Edmilson diz que a prática ainda precisa ser mais disseminada, e destaca as possibilidades dentro do estilo de escrita e publicação.
O autor, que trabalha com literatura de cordel desde 1999, considera o ofício como uma vivência. Nascido em Pernambuco, conta que foi criado em meio aos ‘cantadores’ do cordel. “Eu comecei no teatro e então me voltei para a poesia em cordel. Vi que dava para fazer diversas coisas em que você é o narrador”, explica Edmilson, que começou sua trajetória no cordel recriando lendas. Atualmente, além de criar as histórias, o autor também faz o chamado ‘teatro de cordel’, onde conta suas próprias histórias caracterizado. 
Sobre um possível lançamento em Belém, Edmilson brinca e diz gostar da ideia. “Mês que vem vou estar no Ceará, quem sabe dá para chegar em Belém…”.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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