Cantor Renzo Mártires produz videoclipe da letra da música “Areia de Algodoal”




Um homem solitário e apaixonado olha para a lua cheia, em Algodoal, vila de pescadores no nordeste do Pará, e se pergunta como enviar uma mensagem à sua amada, que encontra-se do outro lado do mundo: no Japão. Como a paixão é um sentimento que nos põe à prova, entre dores e euforias, ele não hesita e faz um pedido para que a própria lua possa ser a mensageira. O enredo é a base da letra da música “Areia de Algodoal”, do cantor e compositor Renzo Mártires, que será lançada em formato de videoclipe em fevereiro.
Após uma pausa de oito anos, o artista volta à cena musical mais preparado e ciente que foi preciso dar um tempo para que sua música pudesse ter o estilo que ele gostaria de alcançar, mais orgânica e visceral - nas suas próprias palavras. E também, com uma sonoridade acústica, contrapondo uma tendência hegemônica na música pop notadamente marcada pela presença dos samples e efeitos eletrônicos. 
“Agora temos maturidade e identidade para que a música reflita com fidelidade como a gente se sente musicalmente. ‘Areia de Algodoal’, esperamos que seja o ponto de partida de algo original. Acreditamos que é uma canção, acima de tudo, honesta. É um estilo que nos identifica e que demorou oito anos para ser amadurecido. Por fim, é uma música visceral”, comenta Renzo Mártires, que está bastante feliz com o resultado.
A escolha estética para apresentar visualmente a narrativa da letra foi pelo estilo de comic motion, o estilo do desenho em quadrinhos japonês, chamado anime. É possível perceber a ambientação de Algodoal, a areia da praia, os coqueirais, as palafitas dos pescadores e também ícones japoneses como as casas de arquitetura oriental, e claro, uma enorme lua cheia - simbolizando em forma de animação, feita pelo Muirak Estúdio, de Belém, a tentativa de conexão entre o casal.
Além disso, com influências do folk music e do cancioneiro popular brasileiro, “Areia de Algodoal” passeia entre o forró, folk, reggae, com a marca de instrumentos como o violão, bandolim, ukulele, sanfona, baixo acústico, zabumba, metais (sopro) e percussão. “O que chama atenção é que nossa música é orgânica e acústica no meio de tanta coisa e tendência eletrônica que nos cerca hoje. Acabamos ficando com uma identidade bem diferente”, analisa Renzo Mártires.
Referência do carimbó da Ilha de Maiandeua, o mestre Chico Braga, que faleceu em 2015, é lembrado na letra, numa singela homenagem por meio de um diálogo informal: “Chico ela foi / Mas sempre vem / Preciso perguntar pra alguém / Como é que eu deixo um sinal / Na lua cheia, com os pés na areia de Algodoal. A letra também faz referência ao trem-bala japonês, chamado de “shinkansen”, como uma forma de pedir que o encontro com a moça seja tão rápido quanto a velocidade do veículo.
Carreira
Em 2011, Renzo gravou um DVD chamado “Sem Rumo”, título não ocasional e que já revelava o desejo do artista na busca de sua própria marca. “Já sabia que minha música não tinha identidade, por isso esse era o nome”, diz. Após o DVD, então, ele foi em busca de construir uma nova forma de compor, com mistura das suas principais paixões musicais, imprimindo uma sonoridade própria. Trata-se de um trabalho musical coletivo que envolveu em sua criação mais de 20 músicos.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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