Dia Nacional do Samba comemora o ritmo da alma brasileira




Poucas coisas unem de Norte a Sul um país tão multicultural e diverso em costumes como o Brasil, o samba com certeza é uma delas. O estilo musical com origem nos batuques dos escravos negros trazidos da África representa hoje a alma musical brasileira e a resistência de várias gerações. No Dia Nacional do Samba comemorado neste domingo, dia 2, o Estado do Pará com ampla tradição de bamba tem vários artistas de diferentes faixas etárias referências importantes como intérpretes, compositores, percussionistas e produtores musicais.
Segundo o percussionista Admilton Azevedo, 33 anos, mais conhecido como Piu Piu, o samba é um segmento de dança e gênero musical considerado um dos elementos mais representativos da cultura brasileira. Dependendo do estilo, o samba pode ser feito com violão, viola, cavaquinho, e acompanhado de instrumentos de percussão como a atabaque, pandeiro, tam tam, surdo, entre outros.
“O samba foi introduzido no Brasil no período colonial pelos escravos africanos sendo, portanto um estilo que provem da fusão entre as culturas africanas e brasileira. Inicialmente as festas de danças dos negros escravos na Bahia eram chamadas de samba, a manifestação foi considerado um estilo de música, foi criminalizado e visto com preconceito, devido suas origens negras associado às classes subalternas”, explica.
O sambista Flávio Portela, 64 anos, é um conhecedor apaixonado pelo ritmo. Referência na área tem informações guardadas na cabeça de histórias que os próprios protagonistas já esqueceram. “O samba do Pará surge na esteira do Carnaval, porque o Carnaval surge em Belém no início do século passado, vindo de Recife”, conta. Os blocos carnavalescos eram formados por integrantes de classes baixas. “As entidades de classe começaram a se juntar como os carroceiros, ferreiros e estivadores, e começaram a fazer este tipo de reunião e a sair na época de Carnaval com blocos”, rememora.

Uma das primeiras agremiações a serem criadas no Brasil foi a Escola de Samba Rancho Não Posso Me Amofinar, do bairro do Jurunas. O Rancho foi a terceira escola a nascer em todo o País. O produtor cultural Jango Vidal, de 66 anos, com 40 anos de vida ligados umbilicalmente ao Rancho conhece o envolvimento das comunidades com as escolas de samba de perto. “Nós já estamos num período em que se começa a trabalhar para o Carnaval. Todas as comunidades gostam de samba, mas quando começa a se aproximar mais do desfile é mais forte o samba-enredo nas escolas. Porém, durante todos os dias e finais de semana tocam sambas nas comunidades. É samba o ano todo”, assegura.
Jango que produz shows em Belém de sambistas conhecidos nacionalmente percebe que o cenário está melhorando nos últimos anos. “O samba é uma realidade, teve uma decadência um tempo atrás, mas está na raiz de todo o brasileiro. O samba tem uma aceitação muito boa em Belém, tudo quanto é barzinho tem samba tocando, com grupo de samba ou pagode, que é praticamente a mesma coisa. Tem grandes grupos surgindo, até com festivais de samba com grandes talentos locais. Belém é uma capital que muitos grupos de samba”, declara.
O gênero vem conquistando corações década após década de novas gerações de intérpretes e compositores. Mariza Black é uma das novas vozes que tem se destacado nos últimos anos entre os sambistas do Pará. “A cada dia que passa cresce mais a emoção, quando cantei o samba foi onde me encontrei, foi o encontro de duas almas a minha e do samba”, revela. Mariza já havia interpretado outros estilos musicais, mas encontrou no samba o verdadeiro amor.
Para ela, o Estado do Pará tem grandes artistas, porém ainda falta incentivo. “O samba é forte, temos grandes músicos e intérpretes em Belém e no Pará, com grandes compositores de música boa, pena que não temos incentivos. A cultura em geral no Pará é muito carente. O samba é um estilo do povo”, roga.
Dentre os grandes nomes de referência para todos estão Bilão da Canção, Tony Melodia, João Lopes, grupo Manga Verde, grupo Luz e Sombra, Toninho Nascimento - compositor de canções interpretadas por Clara Nunes -, Neno Freitas e a nova compositora Carla Cabral. O compositor e cantor Arthur Espíndola, de 34 anos, é taxativo ao dizer que o Pará tem artistas geniais e um público apaixonado. 
“O público aqui é muito amante de samba, sinto que temos um carinho maior que outros estados que visitamos, aqui tem uma ligação muito boa”, compara. Para o homenageado do dia ele fez versos improvisados para o ritmo que envolve a sua vida. “O samba é meu melhor amigo. Na hora que estou triste é ele que me segura, e na hora que estou feliz comemora comigo”, louva.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)


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